DESDE BRASIL


CONSAGRADA NO MUNDO
Dou graças a Deus que olhou a minha pequenez e me confiou a tarefa de ser construtora, melhor, de ser “coconstrutora de seus sonhos: a vida para todos”. Quão indigna sou, sem medos de reconhecer, mas com alegria, com prazerosa alegria, posso afirmar que é a Graça de Deus em mim. Por um lado, sei que não é fácil ser consagrada no mundo atual, talvez jamais tenha sido, mas ao mesmo tempo, quão necessário e importante, pode ser e é, a presença do\a consagrado\a no mundo, que leve, que resgate e fale do transcendente, fale de Deus e entre em diálogo com o ser humano de hoje (pós-moderno), com linguagem de hoje sem perder ou ferir a essência. Um\a consagrado\a que ajude os homens a fazer própria experiência de Deus, começando por desconstruir as imagens de um deus tão distorcido, tais como as de um deus castigador, dominador, que voltará para destruir tudo e dar punição ou o céu..., mas dar a conhecer o Deus Abba de Jesus, que é Pai, Mãe, sensível, amável, companheiro, presente.

Como mulher consagrada, sinto-me feliz e ao mesmo tempo desafiada. As experiências que tenho, com menos de um ano de consagração, são as mais diversas e gratificantes; elas me levam a crescer.

Uma experiência forte foi a poucos dias de consagrada, quando caminhando pelo centro de Bogotá com outras irmãs, fui chamada de satanás e sei que o mereci, pois diante de mim, um pobre de rua pedia comida, um café da manhã, mas por medo do que diriam as irmãs, passei adiante e não o atendi. Aquilo latiu tanto no meu coração e com razão, pois represento “o sagrado”, a igreja que é dos pobres, e o eu o que? A vergonha calou no meu interior, assim como uma chamada: “a eles te consagraste”.
Outras experiências muito significativas é a confiança das pessoas que me abordam na rua, no mercado, no ônibus e, em minutos, contam sua vida; pedem que reze por elas e que as visite. Também o fato de poder experimentar como Deus me usa como um instrumentinho seu para aliviar a pesada carga de seus filhos, meus irmãos, me fala forte.

Uma grande e significativa experiência também foi a participação de um curso de liderança, com jovens de outras faculdades, em um ambiente totalmente diferente do meu. Inicialmente pensei que seria eu seria um bicho raro, mas quão importante é o\a consagrado\a se misturar, sair de sua zona de conforto (ambiente ou relações a nível religioso) e dialogar com o mundo, com outra mentalidade, com outros conceitos, deixar-se questionar e questionar.... Eu cresci e ao estar com eles durante três dias, acredito que eles também cresceram. Desde o início me acolheram, questionaram, conheceram e conviveram, viram que nós consagrados\as não somos seres de outro mundo, mas deste. Isto para mim é importante, pois me consagrei a Deus, me fiz irmã para estar junto das pessoas.

Fico feliz, pois ainda que não tenha falado de Deus explicitamente, em nenhum momento me calei sobre ele. Muitos disseram que romperam paradigmas, mentalidade e preconceito sobre os\os consagrados\as. Para muitos deles somos seres raros, distantes, frios e moralistas, membros de uma igreja engessada.
Luz é o que eu quero ser nesta vida, sem negar que tenho sombras. Quero ajudar, ser canal, ser companheira para os que buscam a Deus e dialogar com o mundo, partilhar um pouco daquilo que recebo de um Deus amoroso, bom e misericordioso, que se revela na pessoa de Jesus e está presente no silêncio do Espírito Santo, na simplicidade e no mistério da Eucaristia e da vida.

Juliana Lima. mar













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